domingo, 22 de agosto de 2010

Solidão a dois


No apartamento, cada um no seu canto. Não há diálogo, não há entendimento, não há carinho. Apenas a ilusão de um relacionamento que, na realidade, já está falido, acabado. A solidão a dois é, muitas vezes, mais dolorosa que a solidão desacompanhada. Isso porque ela vem sempre carregada de mágoas e decepções que nutrem o monstro da desilusão, criando um desarmônico e doentio laço, que aprisiona o pseudo-casal.

Casada há 14 anos, a jornalista J. P., 38, garante que vive um inferno dentro de casa. Ela não sabe precisar ao certo quando o relacionamento faliu, mas consegue enumerar algumas razões. "É basicamente um acúmulo de coisas. Falta de paciência, intolerância, egoísmo e acho que até um excesso de idealização. Porque fomos varrendo os problemas para baixo do tapete, nos negando a enxergá-los e isso foi roendo o casamento. Reconheço meu erro e os dele também", conta ela. "Agora, por exemplo, estou aqui dando meu depoimento para você e ele está lá na sala vendo televisão. Quando cheguei do trabalho hoje, nem nos falamos. Ele ficou imóvel no sofá e eu vim direto para o quarto. A casa fica praticamente dividida em duas áreas e a gente mal se cruza", revela.

J. P. garante que a cada dia que passa, a vida conjugal fica pior. Ela compara o problema a um bolo, cujo fermento são exatamente as mágoas e decepções. "Conversar vai ficando cada vez mais impossível. Qualquer assunto que eu comece, pode ser o mais ameno como a comida do jantar, acaba em briga. Imagine quando eu introduzir algo sobre nós", lamenta. No entanto, as dificuldades precisam ser superadas e tomar uma atitude vai ficando cada vez mais urgente. "Na primeira oportunidade, eu pulo fora", ainda espera a jornalista.

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